Quando o coronavírus invadiu nossas cidades e nos manteve confinados em casa, além da grande preocupação com a saúde, tivemos que enfrentar e dar conta de enormes desafios como a adaptação da escola, do trabalho e dos recursos econômicos para atravessar a pandemia.
Tenho acompanhado a angústia que tem tomado os professores, os estudantes e suas famílias para dar conta de conciliar dentro de casa as demandas do ensino remoto. Penso, particularmente, nos alunos dos anos iniciais da educação infantil ao ensino universitário. Que difícil não deve estar sendo, por exemplo, para os pequenos, ter iniciado a alfabetização e de repente interromper esse intenso processo presencial e coletivo e ser mandado de volta para casa. Ou o estudante que acaba de terminar o ensino médio e ter que encarar o cursinho a distância, ou ainda, aquele que foi aprovado no vestibular e nem bem começa sua adaptação à vida universitária se ver afastado do convívio com colegas e professores, grande e importante desafio dessa etapa da vida. Mais difícil ainda tem sido dar conta dos gastos que desconhecem os alertas sanitários e continuam se multiplicando e, apesar disso, ter que adiar não se sabe para quando e em quais condições, os projetos de estágio e de trabalho que estavam no gatilho para acontecer.
Não está sendo fácil para ninguém e, entre perdas e ganhos, vence a vida e a criatividade que nos fazem resistir e sobreviver, não é mesmo?
Mas foi assim que, na calada do isolamento social e de dentro de casa, que muitos jovens e adultos, estudantes ou comerciantes, tiveram que se reinventar e passaram a compreender que em época de recursos escassos é preciso tirar as ideias do confinamento e colocar os princípios da boa educação financeira como recursos a serem investidos para render frutos.
Marcos Araújo para Hodierno
Essa foi a experiência de Marcos Araujo, jovem estudante de 19 anos, que estava no ponto para começar o cursinho e às portas de um estágio, quando a pandemia interrompeu seus planos, mas trouxe no lugar a Hodierno – uma marca de venda de camisetas on line. Em tempos de pandemia, resolvi entrevista-lo por telefone e compreender como foi esse processo de descoberta e investimento dos recursos que tinha para gerar e movimentar novos ativos. Flávia – O que fez você lançar um novo projeto em plena pandemia? Marcos – O que me motivou foi querer ter minha própria autonomia financeira para poder ir atrás do meu sonho que é fazer um intercâmbio fora do país. Com a ideia na cabeça, me aproximei do amigo Caio Carvalho, que também estava bolando um projeto parecido e, então somamos nossos esforços para colocar a ideia em pé. Flávia – Quais recursos você tinha, tipo dinheiro, educação, conhecimentos etc. para investir nesse projeto? Marcos – Dinheiro eu tinha um pouco na poupança, alguma noção de marketing e comunicação e de organização financeira e fui também até o modelo da marca. Eu sabia que tinha esses recursos porque sempre ajudei minha mãe a se organizar financeiramente. A grande surpresa foi ver que os recursos que eu tinha podiam fazer dar certo um projeto como esse. Em dois meses e meio conseguimos colocar o projeto em pé, falando todo dia pelo celular. Flávia – Você se considera um jovem com boa educação financeira? Marcos – Sim, com o passar do tempo cada vez mais. Durante o ano anterior eu fiz cursos gratuitos na internet para ter noção se a área de business e administração era mesmo o que queria e vi que tinha tudo a ver. Agora, então, tenho certeza. Flávia – O que aprendeu com a experiência desse projeto? Marcos – Aprendo todo dia novas coisas com esse projeto. O Caio e eu vamos descobrindo juntos e aprendendo um com o outro. A loja abriu e já estamos vendendo. Ainda no começo, mas já estamos fazendo planos para ampliar e eu tenho até novos projetos…
Você, professor ou professora, acaba de ver um exemplo concreto do que temos dito no nosso livro de Educação Financeira, um guia de valor. Na verdade, a experiência do Marcos e do Caio, sintetizam de modo claro a importância de uma boa educação financeira e de seus princípios básicos. Saber ganhar, saber gastar, saber poupar para saber doar são os 4 eixos que orientam uma boa educação financeira. Ter a consciência de que os recursos que temos vão além do dinheiro dá a dimensão da importância do conhecimento para a formação do cidadão. Aliás, em momentos como o da pandemia que estamos enfrentando, nada mais importante do que fazer valer nossos recursos e ter atitudes cidadãs em todas as dimensões da vida.
Em função da pandemia, quando Marcos viu que o estágio que pretendia buscar estava se tornando um objetivo distante, tratou de buscar uma outra fonte de entrada para continuar perseguindo o sonho do intercâmbio.
Se puder, permaneça em casa, mas sempre que puder e aonde quer que você esteja, considere que recursos vão muito além do dinheiro. Conhecimento, educação financeira e planejamento são recursos que bem investidos geram dinheiro.
#FiqueEmCasaComCriatividade
Coleção Informação e Diálogo
A coleção Informação e Diálogo trata de temas atuais, que estão em discussão na mídia e que, com certeza, renderão um bom diálogo e uma proveitosa troca de ideias entre os jovens de 11 a 14 anos. Livros em formato de Almanaque que usam e abusam de hipertextos com o intuito de oferecer ao jovem um conjunto de temas que possam ser discutidos e compartilhados entre os colegas de escola, amigos e também na família, despertando o seu interesse e estimulando-o a prosseguir a pesquisa iniciada por meio da leitura.