Coluna Educação Inovadora

Quatro sugestões para contribuir com a recuperação da aprendizagem

Em muitos estados brasileiros o retorno das aulas presenciais – após um longo período de aulas mediadas por tecnologia, já é uma realidade e uma grande conquista! Este é um momento que requer cuidado com os protocolos sanitários e de atenção na parte pedagógica, sendo necessário criar uma rotina e ditar um ritmo às aulas presenciais, pensando na recuperação do processo cognitivo.

Mesmo as unidades escolares que conseguiram desenvolver um bom trabalho com as aulas mediadas com tecnologia, possuem estudantes que apresentam dificuldades na aprendizagem e que precisam de apoio e de um plano de ação para que possam avançar no seu processo de construção de conhecimento.

Conversei com estudantes de anos finais e ensino médio que relataram que nas aulas presenciais o aprendizado possui um impacto maior, é mais difícil a distração e a perda de foco, o professor consegue ver se os estudantes estão realmente aprendendo e tirando suas dúvidas sobre o que conteúdo aprendido, além da interação com os colegas da sala, gerando um compartilhamento de ideias.

O ensino remoto é importante, mas é preciso salientar que os estudos sobre os impactos da pandemia apontam a importância das aulas e do contato presencial e que existem lacunas e déficits cognitivos. Para isso, reunimos algumas dicas para que você possa organizar este momento de recuperação da aprendizagem.

1. Ensino híbrido

Uma das apostas da educação é a aprendizagem híbrida, que não deve ser usada somente neste momento de retorno presencial, mas como uma possibilidade de alavancar o ensino e contribuir com sua recuperação.

Suas modalidades podem contribuir com mais interatividade nas aulas, além de trazer a personalização do ensino, considerando que cada estudante é único e aprende de acordo com o seu ritmo de aprendizagem. Além do professor, usá-lo para favorecer a recuperação e aumentar o tempo de estudo, através de plataformas adaptativas como Matific, Khan Academy que podem gerar engajamento e contribuir com este período.

2. Avaliações

Rever o processo de avaliação é essencial, desde diagnósticas e formativas até as contínuas, para compreender onde o estudante está e onde pretende chegar. Para isso, é essencial investir em novas formas abordagens, como as rubricas e os portfólios em que os estudantes participam ativamente das construções dos critérios e assumem também a responsabilidade pelo seu processo de ensino e aprendizagem.

A avaliação diagnóstica merece um destaque por permitir estabelecer um plano de ação em que eles estão em momentos diferenciados, traçando estratégias para mitigar os impactos.

3. Planos de ação para a recuperação

Este é um momento para disponibilizar acesso às atividades e mantê-lo de maneira qualificada; para isso, o professor, através das avaliações, deverá realizar constantes alterações em seus planejamentos, para rever rotas e muitas vezes sendo necessário retomar conteúdos para avançar em novos.

Estamos falando de um processo que pode interferir em um ciclo de aprendizagem em que será necessário rever: plano de ação, definir e justificar o que será estudado, estabelecer objetivos de forma clara e factível, estabelecer metodologias adequadas ao plano de ação, programar as ações a serem realizadas.

4. Aposte na colaboração

Esse é um momento em que podemos aprender uns com os outros e para isso o professor pode investir em dinâmicas de aprendizado colaborativo, nas quais os estudantes com maior domínio podem ajudar aqueles com maiores dificuldades. Vale apostar em aulas mão na massa e que tragam reflexões e debates sobre o currículo do que está sendo estudado ou até mesmo o uso de metodologias ativas, como o design thinking que consiste em uma chuva de ideias.


As sugestões aqui apresentadas poderão ser discutidas com os estudantes, através da escuta ativa e de sua participação no plano de ação da recuperação da aprendizagem.

Um abraço e até a próxima!

Sobre o(a) autor(a)

Artigos

Formada em Letras e Pedagogia, com especialização em Língua Portuguesa pela Unicamp, Débora é Mestra em Educação pela PUC-SP e FabLearn Fellow, Columbia, EUA. Professora da rede pública, idealizou o trabalho Robótica com Sucata, que se tornou uma política pública. É coordenadora do Centro de Inovação da Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo. Atualmente, assina a coluna Educação Inovadora no blog Redes Moderna e é autora do livro Robótica com sucata (Moderna, 2021).