Coluna Educação Inovadora

Como planejar as aulas com o Ensino híbrido

O ano de 2020 foi desafiador a todos e a Educação! A Unesco recentemente divulgou o relatório mundial que mostrou preocupação com o fechamento das unidades escolares em que o Brasil faz parte do grupo que está há mais tempo com escolas fechadas. Atualmente 101 países mantêm as escolas em funcionamento e 48 países de maneira parcial.

Passado o susto inicial e ambientação com as aulas mediadas por tecnologia, chegou o momento de planejar 2021 considerando as dificuldades do ano de 2020 e contemplando o ensino híbrido com experiências ainda não vivenciadas por nossos alunos através da criação de uma nova cultura.

O primeiro passo compreende em saber que o ensino híbrido mescla o ambiente presencial e o online, podendo e devendo ser adaptado conforme a necessidade escolar. Neste sentido, um importante aliado ao processo cognitivo, por permitir a mescla de estudantes em divisões por grupo, no formato presencial e outro com aulas mediadas por tecnologia para respeitar os protocolos de distanciamento social e combate a COVID-19.

Num segundo momento, este formato tende a contribuir com o processo da recuperação da aprendizagem – sabemos que devido ao longo período de aulas mediadas com o auxílio de tecnologias não foi possível a participação de todos os estudantes e quando foi realizado, deixou lacunas e déficits no processo de ensino.

O ensino híbrido deve ter o foco no ambiente de aprendizado flexível, ativo e pautado no desenvolvimento de competências e habilidades que visam atividades por projetos e entre times. Este trabalho, antes imaginado somente na esfera presencial é possível de ser realizado na esfera online e com qualidade. O que precisamos é mesclar, experimentar estas possibilidades e dar ao estudante a oportunidade de ser protagonista e participar ativamente da construção do seu processo de aprendizagem. A seguir, apresentarei alguns caminhos que necessitam estar contemplado no planejamento docente.

Planejando ações híbridas

Para o Professor José Moran da USP, o ensino híbrido está na essência das ações docentes que prezam por contribuições na visão ecossistêmica. Por isso, planejar ações requer desenhar combinações que integrem espaços, tempos, metodologias e tutoria para ofertar experiências que melhor atenda as necessidades e possibilidades aos estudantes.

1. Currículo flexível

É necessário planejar em busca de um currículo flexível que considere a avaliação diagnóstica como ponto de partida e que contemple projetos integradores que visam integrar áreas do conhecimento, atividades, projetos, games em grupos ou individuais, de modo colaborativo ou personalizado.

Para realizar o ensino híbrido é preciso que o processo de aprendizagem seja contínuo e que os estudantes possam perceber e se envolver nesta construção.

2. Escuta Ativa

Mesclar e diversificar propostas são fatores chaves e é preciso apostar nas que sejam abertas e que permitam a escuta ativa, como por exemplo, realizar tempos combinados; itinerários e trilhas de aprendizagens personalizadas; utilizar outros espaços e ambientes escolares, além da sala de aula; e fazer combinações e combinados com espaços virtuais na busca por repensar o currículo através das metodologias ativas; adaptar e trabalhar com a diversidade de espaços por melhorias no processo avaliativo e na construção de conhecimento.

3. Modelos síncronos e assíncronos

Os processos síncronos e assíncronos merecem um destaque especial no planejamento, através de um formato que busque a personalização do ensino e que contribua com o processo de ensino-aprendizagem. Modelos expositivos precisam sair de cena nos modelos presenciais, pois um dos papeis é formar os estudantes para serem curadores e atuarem de maneira central no desenvolvimento da cultura da participação ativa, ao acessar materiais, ler e reler quantas vezes forem necessárias, para que possam usufruir e potencializar os momentos presenciais aproveitando ao máximo estas novas experiências.

4. Papel Docente

No ensino híbrido o papel docente ganha benefícios e destaque, como ter a possibilidade de dedicar mais as dúvidas dos alunos, realizar um acompanhamento mais próximo e individual em que consegue visualizar, coletar e analisar dados e intervir no processo de maneira mais assertiva. Para isso, é importante investir nas diferentes modalidades como a sala de aula invertida.

5. Modalidades de Ensino

As modalidades híbridas permitem buscar a interação do ensino e também ousar nos modelos trazendo integração entre as aulas presenciais e a aulas mediadas por tecnologia, assim temos – a aula invertida, rotações por estações, rotações individuais e modelos personalizados como o modelo flex que permitem a construção de roteiros adaptados, na modalidade online, em que professor atua como o mediador. E o modelo a la carte que permite trilhas virtuais em que a hibridização dependerá da idade e do avanço do estudante ao currículo e da proposta pedagógica a ser ofertada.

O ensino híbrido é um caminho sem volta e que tende estar mais presente na educação básica por todos os seus benefícios e pelas oportunidades de estarmos avançando por igualdade, equidade e valores integrais que visam a criatividade.


E vocês queridos (as) professores (as), quais dicas podem acrescentar ao planejamento dos colegas? Não deixem de compartilhar aqui nos comentários e contribuir com práticas exitosas para a Educação.

Um abraço e até mais!

Sobre o(a) autor(a)

Artigos

Formada em Letras e Pedagogia, com especialização em Língua Portuguesa pela Unicamp, Débora é Mestra em Educação pela PUC-SP e FabLearn Fellow, Columbia, EUA. Professora da rede pública, idealizou o trabalho Robótica com Sucata, que se tornou uma política pública. É coordenadora do Centro de Inovação da Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo. Atualmente, assina a coluna Educação Inovadora no blog Redes Moderna e é autora do livro Robótica com sucata (Moderna, 2021).