Coluna Educação Inovadora

Covid-19: Novas maneiras de conceber a aprendizagem

Com a agilidade que a covid-19 avança sobre o mundo, tivemos que aprender rapidamente a criar maneiras de nos relacionar e também de lidar com diversas situações que não estavam planejadas, como a quarentena.

Muitos professores em suas escolas têm discutido como criar possibilidades de atender todos os estudantes, principalmente aqueles que não possuem condições para estarem conectados, já que estudos revelam a quantidade de dispositivos móveis, principalmente aparelhos celulares, entre as famílias. Sem dúvida um grande desafio a ser superado e compreendido.

Esse é o momento oportuno para ousar, pensar e propor diferentes situações de aprendizagem. Sem dúvida, é o professor que melhor compreende a realidade do estudante e pode contribuir e criar situações que o atendam melhor neste momento.

Conversando com alguns professores que lecionam em sua grande maioria nas periferias, muitos me contaram que têm usado o Facebook e o Whatsapp para planejar e aplicar em suas aulas. Algumas escolas, de maneira colaborativa, realizaram guias para os estudantes, e todas essas medidas são eficazes, porque dialogam com cada realidade local.

Para auxiliá-los com este momento, reunimos algumas sugestões para que possam trabalhar junto aos estudantes com a ferramenta mais adequada. Vamos lá!

Planejamento

Como na sala de aula convencional, o planejamento é essencial. Ter um objetivo claro de aprendizagem, por exemplo, se for usar uma ferramenta de interação como o Zoom, o Teams ou o Hangouts, é importante definir combinados com os estudantes e definir o que se pretende, treinando o olhar para a interação, cuidando do tempo de exposição de um assunto, trazendo elementos para tornar a aula dinâmica, fazer a conexão com outros materiais e quebrando esse período em blocos (se a aula for de 45 minutos, realizar blocos de 15 minutos, cuidando da interação).

Para ferramentas como WhatsApp, grupos no Facebook ou no Edmodo, o planejamento é também essencial, devendo ter o cuidado de planejar em para um tempo menor, mais com modelos inspiradores em formato de pílulas, e chamando a atenção dos estudantes para a intenção de aprendizagem.

Para a equipe pedagógica, essas ferramentas também funcionam e é importante montar horários provisórios para os estudantes e intensificar a comunicação com a equipe escolar e trabalhar de maneira interdisciplinar e com projetos.

Em relação aos pais, é importante preparar um guia para que possam apoiar os estudantes em algumas frentes, como a maneira de ajudar nas dúvidas, a criação de rotina de estudos, alimentação e alongamento, auxiliar os estudantes a criarem registros dos estudos finalizados, do que está em andamento, daqueles que precisam ser revistos.

Elaboração de Atividades

É necessário fazer neste momento um replanejamento e adaptação das atividades. O material didático pode ser utilizado, mediante comandos e explanações claras sobre o assunto. É preciso apoiar os estudantes para construir o seu aprendizado, trabalhando mapas mentais que os ajudarão a desenvolver atividades, mas também a se organizar.

Se for realizar vídeos, é importante considerar a entonação da voz, a postura, o som e a luz, além de materiais complementares que ajudarão os estudantes a compreender melhor o conteúdo. Os vídeos podem ser realizados por aplicativos do celular ou com recursos de aplicativos de gravação, como o OBS.

Os podcasts também são uma maneira eficaz de trabalhar com os conteúdos, podendo usar softwares gratuitos como o Audacity, que permite fazer recortes de outros programas, considerando os devidos créditos aos materiais.

Avaliações

Esse também é um momento para realizar avaliações e para isso podem ser trabalhadas as ferramentas de colaboração, como o Google Classroom e o Teams, com elaboração de rubricas que podem ser estruturadas com os estudantes a partir de objetivos de aprendizagem de onde os estudantes estão para onde se pretende chegar.

É importante realizar momentos de escuta ativa com os estudantes, de como está sendo esse momento e quais as dificuldades enfrentadas para a administração dos estudos; para isso ocorrer, pode-se utilizar uma diversidade de possibilidades, como quizzes, jogos, narrativas digitais, entre outros.

O portfólio digital contribui para esse processo e ainda pode-se trabalhar habilidades como autocuidado, autoconhecimento, organização, criticidade, e uma ferramenta que pode contribuir é o Seesaw.


Apesar de o momento ser de muitas preocupações, também é um período para consolidar novas práticas e aprender de maneira diferenciada, trazendo novas formas de conceber a aprendizagem, utilizar a tecnologia e principalmente a inovação e a criatividade para criar novos caminhos a educação.

Um abraço,

Sobre o(a) autor(a)

Artigos

Formada em Letras e Pedagogia, com especialização em Língua Portuguesa pela Unicamp, Débora é Mestra em Educação pela PUC-SP e FabLearn Fellow, Columbia, EUA. Professora da rede pública, idealizou o trabalho Robótica com Sucata, que se tornou uma política pública. É coordenadora do Centro de Inovação da Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo. Atualmente, assina a coluna Educação Inovadora no blog Redes Moderna e é autora do livro Robótica com sucata (Moderna, 2021).