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Recomposição da aprendizagem: 4 coisas que você precisa saber para realizá-la

A pandemia trouxe consigo muitos danos em diversos setores da sociedade, e com a Educação não foi diferente! Passamos por um momento de reinvenção dos processos de mediação pedagógica devido ao fechamento das escolas ao longo de dois anos.

Antes da pandemia o nosso país já enfrentava desafios educacionais, com cerca de 1,5 milhões de jovens fora da unidade escolar. E esse número vem crescendo constantemente. Em 2021, a taxa de abandono escolar chegou a 5,6%, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).

No entanto, precisamos ter clareza de que falar sobre recomposição da aprendizagem não significa limitar-se apenas ao ano letivo corrente. Afinal, conforme dados acima, já enfrentávamos este problema antes mesmo do período da pandemia.

E o que você, professor(a), precisa conhecer para que possamos realizar o processo de recomposição? Confira abaixo 4 sugestões.

Recomposição da aprendizagem é diferente de recuperação

Primeiramente, precisamos entender que recomposição e recuperação são processos diferentes. E ambos precisam estar presentes!

 A recuperação ocorre como parte do processo de aprendizagem. E não se pode falar em recuperar um conteúdo ou conhecimento inexistente, que os estudantes não aprenderam.

Já a recomposição é um processo diferente. Ela parte de uma estratégia de garantir que conhecimentos sejam construídos para que, assim, os impactos negativos na aprendizagem dos estudantes possam ser mitigados.

A recomposição da aprendizagem não ocorre em um único ano

Em segundo lugar, se estamos falando de processo, não podemos pensar que todos os problemas de aprendizagem serão revertidos ao longo de um único ano. Assim, a recomposição acontecerá a médio e longo prazo para a correção do percurso formativo e precisa contemplar todos os estudantes. Para isso, as Secretarias de Educação devem atuar em três diferentes frentes:

  1. Curricular: que deve estar alinhado à BNCC e pautado em habilidades prioritárias;
  2. Monitoramento dos resultados: que deverão ocorrer por meio de avaliações periódicas;
  3. Intervenções pedagógicas: realizadas com base nas sondagens dos estudantes.

Plano Estratégico

Em terceiro lugar, o plano estratégico da recomposição de aprendizagem precisa estar pautado em:

  1. Tempo presencial para recompor as aprendizagens: com foco e atenção especial ao processo de alfabetização e usando a metodologia ativa, como o ensino híbrido e suas modalidades;
  2. Busca Ativa: fortalecimento junto aos estudantes e ao território educativo;
  3. Uso de tecnologia e inovação: sempre junto a processos educacionais e com foco na gestão e na prática pedagógica, como combate às desigualdades, além da reinvenção curricular e novas apresentações aos estudantes, como atividades mão na massa.

Flexibilização curricular

Por último, para que possamos garantir o fazer e o tempo pedagógico, uma estratégia é a flexibilização do currículo nas aprendizagens e habilidades prioritárias. Nessa perspectiva, devemos planejar as aulas a partir de devolutivas das avaliações diagnósticas em que o currículo será direcionado de acordo com as dificuldades dos estudantes no processo pedagógico. Vale fazer uso de ferramentas de monitoramento da aprendizagem a curto prazo, como avaliações formativas e somativas a fim de replanejar essas aulas.

Em especial, no caso da alfabetização, devemos realizar um acompanhamento processual de leitura e escrita, registrando as avaliações periódicas e sondagens realizadas. Essa ação pode ter impacto no processo formativo docente e na necessidade de se realizar um trabalho direcionado à habilidade crítica, orientando o trabalho pedagógico de forma integrada e abrangendo as diferentes dificuldades ao personalizar o ensino, sempre fortalecendo o trabalho docente.

Esse é o momento que necessitamos somar forças e contribuir com soluções para auxiliar nossos estudantes a médio e longo prazo, personalizando o ensino e corrigindo o percurso formativo.

Um abraço e até a próxima!

Sobre o(a) autor(a)

Artigos

Formada em Letras e Pedagogia, com especialização em Língua Portuguesa pela Unicamp, Débora é Mestra em Educação pela PUC-SP e FabLearn Fellow, Columbia, EUA. Professora da rede pública, idealizou o trabalho Robótica com Sucata, que se tornou uma política pública. É coordenadora do Centro de Inovação da Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo. Atualmente, assina a coluna Educação Inovadora no blog Redes Moderna e é autora do livro Robótica com sucata (Moderna, 2021).