Coluna Educação Inovadora

Volta às aulas: a importância do acolhimento

Estamos vivenciando um turbilhão de sentimentos e mudanças desde o início da pandemia devido ao afastamento do convívio social. Essas mudanças, que vieram com o isolamento social, estudos no formato remoto e adaptação de dois anos de aulas mediadas por tecnologia ao retorno presencial, trouxeram consequências como casos de depressão e ansiedade, entre outros. 

Por conta dessas mudanças, temos a necessidade da recomposição das aprendizagens, mas antes desse trabalho essencial, é crucial realizar o acolhimento socioemocional de estudantes e professores.

Olhar acolhedor

As práticas de acolhimento já fazem parte do planejamento das escolas, principalmente das unidades que dispõem de período integral. No entanto, é necessário salientar que muitos dos estudantes e docentes adoeceram com crises de ansiedade e depressão. Nesse sentido, a palavra acolhimento ganhou centralidade no planejamento e necessidade de estar presente nas práticas pedagógicas.

Estamos no início do ano letivo e o tema não remete apenas aos primeiros dias de aula. É necessário pautar o planejamento sobre essa questão e trazer possibilidades de atividades aos estudantes que contemplem seu ciclo e/ou série, sem esquecer que os professores também precisam ser acolhidos e que precisamos criar espaços para escutas dentro da comunidade escolar.

As estratégias de acolhimento podem partir de ações simples, como um atendimento atencioso, rodas de conversas e ou espaços criados para que a comunidade escolar se sinta livre para dialogar sobre os seus sentimentos a ações simples como abrir a sala para os estudantes, um cumprimento direcionado, uma conversa demostra o afeto, respeito e carinho pelos estudantes, além de ser o pontapé inicial para atividades elaboradas que promovam uma escuta atenta que possui o foco em resultados no processo de ensino e aprendizagem.

É preciso ressaltar que espaços de acolhimento estão relacionados à possibilidade de fala, quando somos acolhidos, incluídos e temos a liberdade de nos expressar. Para isso, rodas de conversas, espaços de escutas e ações para resolver problemas são essenciais. Nesse sentido, reunimos dicas de como transformar os espaços em pontos de escuta na escola:

Sala dos professores

Esse é um espaço essencial e de fomento a troca e precisa ser potencializado, no sentido de ser acolhedor. Um momento para respirar, trocar de maneira significativa, dialogar com o outro, mas também de descanso aos docentes. Professores promoverem acolhimento na medida que são acolhidos e ouvidos.

Estudantes acolhedores

Formar grupos na escola de estudantes acolhedores, que visam realizar acolhimento dos colegas e promovam atividades para melhorar o ambiente escolar, promovendo uma proximidade afetuosa por meio do vínculo entre as turmas. Além de reforço a essas práticas dentro de disciplinas como eletivas, projeto de vida e espaços, como os grêmios estudantis.  

Planejamento

O planejamento deve contemplar o acolhimento durantes as aulas, que promovam ricos debates sobre situações, desenvolvimento de habilidades socioemocionais e que permitam vivências do cotidiano como estudos de casos, vídeos, leituras, debates, jogos gamificados, resoluções de problemas.

Na sala de aula pode ser criado um espaço acolhedor. Reorganizar o mobiliário, planejar dinâmicas em que os estudantes possam interagir com o outro e na unidade escolar são opções.  A partir disso, pode-se criar ambientes acolhedores que tenham envolvimento com questões artísticas e estéticas, trabalhando o mindfulness (técnica de relaxamento e autoconhecimento).

São ações simples, que podem fazer um grande diferencial no ambiente escolar e consequentemente no processo de aprendizado. Esse é o momento para levarmos as nossas salas de aula competências e habilidades que possam desenvolver o acolhimento, permitindo que a escola seja pautada em princípios integrais e humanizadora!

Um abraço e até a próxima!

Sobre o(a) autor(a)

Artigos

Formada em Letras e Pedagogia, com especialização em Língua Portuguesa pela Unicamp, Débora é Mestra em Educação pela PUC-SP e FabLearn Fellow, Columbia, EUA. Professora da rede pública, idealizou o trabalho Robótica com Sucata, que se tornou uma política pública. É coordenadora do Centro de Inovação da Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo. Atualmente, assina a coluna Educação Inovadora no blog Redes Moderna e é autora do livro Robótica com sucata (Moderna, 2021).