Coluna Educação Inovadora

Educação inclusiva: 6 coisas que você precisa saber para realizá-la em sala

A Educação inclusiva compreende a escola como um espaço para todos os estudantes, capaz de promover a equidade e favorecendo a diversidade na medida em que visa acolher as diferenças. Mas sabemos que, na prática, não é bem assim que ela ocorre!

Plano Nacional de Educação – PNE

O PNE estabelece entre as suas metas, uma específica para Educação inclusiva. A meta 4 normatiza o atendimento educacional especializado (AEE) e orienta a comunidade escolar e as políticas públicas voltadas para educandos com deficiência (intelectual, física, auditiva, visual e múltipla), transtorno global do desenvolvimento (TGD) e altas habilidades.

Ela estabelece, ainda, que é necessário manter e ampliar programas que promovam a acessibilidade nas instituições, tanto de acordo com a infraestrutura quanto no que tange o aspecto pedagógico e de recursos de tecnologia assistiva. O documento deixa claras as metas e o papel da Educação enquanto direito a estes estudantes, além de um meio essencial para que todos os outros direitos se concretizem.

Nesse sentido, sabemos que a escola detém um papel essencial, fomentando espaços e proporcionando inclusão como um espaço de convívio entre as diversidades e propiciando, também, trabalhos pedagógicos que tratem da Educação inclusiva.

No entanto, sabemos que não é uma tarefa fácil. Principalmente quando olhamos para a estrutura das nossas unidades escolares e a quantidade de estudantes dentro da sala. Mas quero apontar caminhos possíveis aqui para promover a educação inclusiva!

Tecnologias Assistivas

Sabemos que o tema ainda é delicado por conter fragilidades do sistema, como algumas que acabamos de citar, e outras como a ausência de funcionários e a falta de formação docente específica voltada para inclusão.

Há necessidades que interferem de maneira significativa no processo de aprendizagem dos estudantes com deficiências e que exigem uma atitude pedagógica específica, como utilização de recursos e apoio especializado para garantir a aprendizagem de todos.

E é dentro deste cenário que a tecnologia assistiva pode contribuir para auxiliar a atuação do professor dentro da sala de aula!

A tecnologia assistiva é uma área do conhecimento interdisciplinar que engloba recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços com objetivo de ampliar a participação de pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida. Ela visa garantir autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social.

Abaixo seguem alguns caminhos para que possamos tecer uma transformação na Educação e acolhimento da diversidade:

Ferramentas

Temos uma série de ferramentas que facilitam a inclusão de alunos com necessidades especiais. Entre eles, podemos citar alguns programas gratuitos.

Primeiramente, temos o Teclado virtual, que pode ser utilizado na tela do computador com auxílio de uma caneta especial para estudantes com mobilidade reduzida.

Já o Head mouse é um programa desenvolvido para permitir que pessoa que não têm os movimentos dos braços possam usar o computador e navegar pela internet sem ajuda, sendo acionado com um movimento e um piscar de olhos.

DOSVOX é um sistema destinado a auxiliar pessoas cegas ou com visão reduzida a utilizar computadores por meio de um sintetizador de voz.

É importante que o professor utilize os programas e verifique qual recurso potencializa a aprendizagem do estudante de acordo com sua necessidade.

Caminhos para incluir com equidade

1) Promover diálogos

Primeiramente, abrir espaços para que alunos, familiares, professores, funcionários e toda a comunidade possam conversar sobre diversidade, valorizando convívio, interação, cooperação e respeito mútuo, permitindo que os estudantes com deficiências participem ativamente dessa construção.

2) Formação docente

É preciso fortalecer a formação de professores, buscando o apoio entre Educação, Universidade e Saúde para aprimorar os conhecimentos docentes. Além da flexibilização de material e intervenções com os estudantes.

3) Projeto inclusivo pedagógico

A inclusão deve garantir a todas as crianças e jovens o acesso à aprendizagem por meio de possibilidades de desenvolvimento cognitivo e motor. Algumas podem ocorrer pelo Conselho de Escola e Associação de Pais e Mestres, como reestruturação física das escolas e criação de espaços acolhedores de aprendizagem.

4) Flexibilização do Currículo

É preciso flexibilizar o currículo e o planejamento, adaptando-os às necessidades e realidade de cada estudante. Não é uma tarefa fácil, principalmente quando faltam recursos, mas é um passo essencial na construção da aprendizagem.

Pode-se levar para a sala de aula artigos, vídeos, textos e músicas que abordem as experiências e aprendizagens em inclusão. Debates sobre culturas, povos, raças e as diferentes deficiências são alguns exemplos.

5) Pertencimento

Muitos objetos podem ser criados pelos estudantes dentro da sala de aula. Engrossadores, aventais de comunicação e até apontadores especiais podem aumentar o vínculo e diminuir as distâncias de desenvolvimento cognitivo. Isso pode aproximá-los e dá-los a sensação de serem mais pertencentes.

6) Mão na Massa

Por fim, atividades de cultura maker, programação e de robótica, são abordagens integrativas que reúnem e mobilizam as áreas do conhecimento. Além de serem maneiras eficazes de trabalhar habilidades com estudantes especiais, elas promovem a inclusão e ressaltam que as pessoas são o centro do processo de aprendizagem.

A Educação inclusiva se faz essencial nos dias de hoje. Afinal ela é um caminho para contemplar a diversidade por meio da construção de uma escola que oferece uma proposta pedagógica significativa e que atenda às reais necessidades de cada indivíduo. Assim, ela cria espaços que desenvolvam aspectos cognitivos e motores nos estudantes. Sempre com equidade!

São muitos os desafios a serem enfrentados. Mas as iniciativas e as alternativas realizadas pelos professores são fundamentais a este processo!

Um abraço e até a próxima!

Sobre o(a) autor(a)

Artigos

Formada em Letras e Pedagogia, com especialização em Língua Portuguesa pela Unicamp, Débora é Mestra em Educação pela PUC-SP e FabLearn Fellow, Columbia, EUA. Professora da rede pública, idealizou o trabalho Robótica com Sucata, que se tornou uma política pública. É coordenadora do Centro de Inovação da Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo. Atualmente, assina a coluna Educação Inovadora no blog Redes Moderna e é autora do livro Robótica com sucata (Moderna, 2021).