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Por um mundo melhor

Montreal, Canada - July 13, 2016: On the hottest day of the summer (37 C), hundreds of protesters gathered at Nelson Mandela Park for a Black Lives Matter rally, in solidarity to similar protests in the United States, and to condemn the racial profiling and police brutality in Montreal. After the rally, the protesters took the streets and marched down for three hours and about 10 km. The march finished around 10pm without incident.

Este ano foi diferente de todos os outros que vivemos. 2020 será, para a história, o ano em que a SARS-CoV-2 causou mais de um milhão de mortes no mundo todo. Um vírus menor do que um grão de areia, capaz de trazer a incerteza de futuro aos seres humanos e paralisar planetariamente a economia, o trabalho, a educação, o turismo, a cultura, e outras forças que movem a sociedade.  

O que a pandemia não foi capaz de segurar foi o movimento de vários grupos de pessoas que foram às ruas em protesto contra o racismo e a violência policial. 2020 viu renascer em muitos países, inclusive no Brasil, a campanha #blacklivesmatter – ou com três únicas letras BLM – o que em português significa vidas negras importam.  

Os protestos sociais a favor dos direitos civis dos afrodescendentes nos EUA é bem antigo: teve início nos anos 1950. Desde então, o país presenciou várias manifestações em nome do racismo. No entanto, nada foi tão impactante quanto o BLM, nascido em 2013, na Flórida (EUA), como reação à morte por arma de fogo de um adolescente negro. Em maio deste ano, em Minneapolis (EUA), o estopim foi o assassinato por asfixia do negro George Floyd, pelo policial branco, Derek Chauvin, que o sufocou com o joelho, por oito minutos. 

O BLM derrubou estátuas de escravocratas e provocou uma onda de doações para os coletivos que defendem a justiça racial, demonstrando a necessária e urgente contribuição para esse tema. Apesar disso, é sabido que a violência contra os negros vai continuar na mira da policia, e não só nos EUA, mas em qualquer lugar do mundo em que exista o racismo estrutural. 

Mas o que é o racismo estrutural?  

O professor Silvio Luiz de Almeida, presidente do Instituto Luiz Gama, explica que “o racismo estrutural é um conceito muito debatido e disseminado entre quem quer compreender de que maneira as práticas institucionais, as conformações históricas, políticas e culturais podem colocar um grupo social ou étnico em posição superior em detrimento de outros grupos”. Para saber mais sobre o tema, veja o programa Roda Vida da TV Cultura com o professor Silvio Luiz de Almeida. 

A young woman wears a face mask during global pandemic that says “I have a voice.”

O racismo no Brasil  

No Brasil, a cada 23 minutos um negro é assassinado. São dados do Mapa da Violência, que constam no meu livro “Violência X Tolerância, como semear a paz no mundo”, lançado em 2017. E em agosto, o último senso do Atlas da Violência (IPEA) mostra que nos últimos 10 anos, os casos de homicídio de pessoas pretas e pardas aumentaram 11,5%. Eles tem nome, endereço, trabalho e família: João Pedro, Ágatha, Miguel, Marielle levaram os brasileiros às manifestações do #blacklivesmatter”. O professor Silvio Luiz indaga: ”Nosso país é o que é, e nós somos o que somos, pela maneira como debatemos e combatemos o racismo.“  

Uma outra forma de exclusão imposta pelo racismo no Brasil, nos leva de volta à COVID19, pandemia que escancarou de vez a desigualdade social brasileira. A matéria do site G1 trouxe dados do Ministério da Saúde, colhidos no primeiro semestre de 2020: “a cada três brasileiros negros hospitalizados pelo vírus, um morre; enquanto a proporção para os brancos é de um óbito a cada 4,4 casos da doença”. Chamou a atenção da ONU que fez o seu comunicado oficial: “o Brasil é um dos países mais críticos nos cuidados da doença olhando da perspectiva racial”. Não nos surpreende a declaração da jovem que participou do BLM por aqui e disse ter mais medo do racismo do que do vírus. 

Atividade: Dia da Consciência Negra 

Entre as efemérides relevantes no calendário escolar há uma que pode promover alguma mudança no sentido do exercício da cidadania e da tolerância. É o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro e instituído em 2003 como feriado facultativo no país. A data homenageia Zumbi dos Palmares, símbolo de luta pela liberdade e valorização do povo negro. Zumbi foi morto, como se sabe, em 1695, pelo português branco André Furtado de Mendonça. O racismo estrutural no Brasil começou faz tempo e não tem data para acabar.  

Para mergulhar no tema e proporcionar uma reflexão sobre o racismo que em pleno século XXI corre solto entre nós, trago como dica de leitura o conto “Pai contra mãe” de Machado de Assis. Foi escrito e publicado dezoito anos após o fim da escravidão. Neste conto, Machado reproduz cenas cotidianas de um Rio de Janeiro do início do século XX, protagonista da escravidão urbana, que tem muito a nos relatar. Uma leitura para ser compartilhada entre alunos, família e amigos e criar a oportunidade para conhecer mais sobre nós, brasileiros. Leia, reflita, reveja preconceitos, repense atitudes. Aprendendo sobre quem somos e o que queremos, talvez a gente consiga mudar o que é errado e indigesto.  

Se o tal do “novo normal” que tanta gente fala por ai for mesmo capaz de despertar um ativismo dentro de cada um de nós, que nos leve a atuar e a participar de ações que transformem o mundo em algo melhor e mais justo,  então tá valendo esse 2020. 

Coleção Informação e Diálogo

A coleção Informação e Diálogo trata de temas atuais, que estão em discussão na mídia e que, com certeza, renderão um bom diálogo e uma proveitosa troca de ideias entre os jovens de 11 a 14 anos. Livros em formato de Almanaque que usam e abusam de hipertextos com o intuito de oferecer ao jovem um conjunto de temas que possam ser discutidos e compartilhados entre os colegas de escola, amigos e também na família, despertando o seu interesse e estimulando-o a prosseguir a pesquisa iniciada por meio da leitura.

Confira abaixo mais sobre a coleção Informação e Diálogo:

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