2021, centenário de nascimento de Paulo Freire, nosso grande Mestre! Uma trajetória de luta pela educação popular, em defesa da educação como um todo, especialmente na alfabetização. Suas pesquisas, estudo e ações foram de extrema importância para a educação brasileira, e ainda hoje são referenciais, um legado que inspira professores não só no Brasil, mas também em muitos outros países!
E que legado maravilhoso deixado pelo patrono da educação brasileira! Suas obras levam à reflexão e ao entendimento, que podemos e devemos construir juntos a educação de qualidade para todos, tão necessária, urgente e direito de nossos estudantes, e que podemos em nossas salas de aulas trazer mudanças que contribuam para essa construção, com a participação de direta e ativa dos nossos alunos.
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Para conhecer a obra!
Pedagogia do oprimido, A importância do ato de ler, Pedagogia da esperança e Pedagogia da autonomia são algumas de suas principais obras, que ainda hoje continuam tão atuais e que trazem luz também a questionamentos desses nossos tempos na educação.
Até mesmo o índice de seu livro Pedagogia da autonomia já traz importantes pistas e indicações sobre a educação e à docência, ampliando e transformando nossa ótica em relação à nossa forma de ensinar, as relações e interações com nossos estudantes, comprometimento, afeto, entre tantas outras coisas importantes, que são exploradas e aprofundadas a cada capítulo. Por isso não deixe de ler, estudar e aprender com toda a obra de Paulo Freire.
Pedagogia da autonomia é dividido em três capítulos:
- Capítulo 1 – Não há docência sem discência: 1.1 – Ensinar exige rigorosidade metódica; 1.2 – Ensinar exige pesquisa; 1.3 – Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos; 1.4 – Ensinar exige criticidade; 1.5 – Ensinar exige estética e ética; 1.6 – Ensinar exige corporeificação das palavras pelo exemplo; 1.7 – Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a discriminação; 1.8 – Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática; 1.9 – Ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural;
- Capítulo 2 – Ensinar não é transferir conhecimento: 2.1 – Ensinar exige consciência do inacabado; 2.2 – Ensinar exige o reconhecimento de ser condicionado; 2.3 – Ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando; 2.4 – Ensinar exige bom senso; 2.5 – Ensinar exige humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores; 2.6 – Ensinar exige apreensão da realidade; 2.7 – Ensinar exige alegria e esperança; 2.8 – Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível; 2.9 – Ensinar exige curiosidade;
- Capítulo 3 – Ensinar é uma especificidade humana: 3.1 – Ensinar exige segurança, competência profissional e generosidade; 3.2 – Ensinar exige comprometimento; 3.3 – Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo; 3.4 – Ensinar exige liberdade a autoridade; 3.5 – Ensinar exige tomada consciente de decisões; 3.6 – Ensinar exige saber escutar; 3.7 – Ensinar exige reconhecer que a educação é ideológica; 3.8 – Ensinar exige disponibilidade para o diálogo; 3.9 – Ensinar exige querer bem aos educandos;
Veja abaixo algumas das falas e ideias de Paulo Freire, que são aprofundadas em seu livro.
Capítulo 1 – Não há docência sem discência
Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos
Respeitar e trazer para a sala de aula a vida de verdade e os saberes dos nossos educandos. Saberes socialmente construídos na prática comunitária em seu dia a dia. Todos têm a contribuir na aprendizagem, todos tem algo a ensinar. Com minhas turmas de alunos, especialmente na EJA – Educação de Jovens e Adultos, ensinei e fui aprendiz. Quando trouxe para as aulas os saberes e vivências de meus alunos, suas necessidades de aprendizagem, o aprender ganhou sentido, a motivação e participação ativa se ampliou. Produção escrita de folders com dicas de lavagem de roupas brancas e coloridas, Jornal escolar sobre a realidade do descarte do lixo na cidade, dicas para a construção de horta caseira, campanha contra o desperdício e reaproveitamento de alimentos, escrita de requerimento para órgãos da prefeitura, leitura de livretos de autoescola, foram alguns conteúdos explorados em minhas aulas, todos de suas vivências. Assim, venho estruturando todo o planejamento da alfabetização dos meus alunos, crianças e adultos, o que realmente vem dando bons resultados.
Capítulo 2 – Ensinar não é transferir conhecimento
Ensinar exige alegria e esperança
Como faz bem a todos, educador e educandos, essa cumplicidade, essa alegria e esperança em sala de aula. Aulas onde todos podem falar e ser ouvidos, onde os educandos se sintam apoiados, valorizados em seus saberes, onde todos participam da busca de soluções para os problemas, entre outras coisas, é um ambiente fértil não só para a aprendizagem, como também para as relações e interações humanas. Um bom exemplo disso é o enfrentamento desse período difícil de pandemia de forma coletiva, com nossos alunos, pois juntos temos capacidade de enfrentar desafios e tristezas, de construir a alegria, de acreditar e fazer as mudanças, de se transformar pela educação e assim transformar nossa realidade.
Capítulo 3 – Ensinar é uma especificidade humana
Ensinar exige saber escutar
Esse é um ponto de atenção para todos nós professores, aprender a escutar nossos educandos, pois só assim aprendemos a falar com eles. Para entender nosso aluno como igual, como sujeito de sua história, que tem muito a contribuir na construção dessa educação que é todos.
Essa é parte da imensa boniteza da prática educativa, que Paulo Freire nos convida a trazer para as nossas salas de aulas e escolas e educação como um todo. Como puderam perceber fazem muito sentido para nós educadores, educandos, para o processo de ensino e aprendizagem, e na construção de um mundo mais justo e igualitário, com o direito de estudar e aprender garantido a todos.
Espero que essa pequena amostra provoque inquietações em relação a sua prática em sala de aula e instigue você a ler e estudar toda a obra do Grande Mestre, pois ainda dá tempo de fazermos as transformações necessárias na educação brasileira.
Um abraço e até a próxima!